quarta-feira, maio 03, 2006

Desvaneios

Devaneios


Hoje o dia nasceu tal como o de ontem. Puro, sem sentido ou demasiado porvido de castrações psicológicas e devaneios oriundos do passado. Se a vida nos questiona, porque questionamos nós a vida? A origem de quem somos e para onde vamos não é mais do que uma pergunta que fazemos ou é a resposta que temos que dar?

Estar apaixonado ou querer o que não se tem são situações similares, contidas em fracções de ansiedade e beleza natural do homem anti-altruista, que se questiona, como qualquer outro sobre o raio que o parta noutro sitio qualquer. Sem pensar, os filtros sociais da educação são esquecidos e não somos mais do que selvagens sociais à espera que tudo nos caia nas mão, vindo do céu as respostas ás nossas preces. A resposta da nossa sociedade e na sua evolução positiva estará ela na educação ou na ambição individual e/ou colectiva da felicidade inerente ao homem?

Se as perguntas que fazemos não têm respostas, é perfeitamente concebível que hajam respostas sem perguntas. Ou será o homem o inventor de todas as respostas, que surgiram depois do vazio que durou a eternidade do esperar que se nasça?
Será que as almas nasceram no princípio dos tempos e desprovidas de memória se passeiam alternadamente por esta terra e que cada uma só dá uma volta, do género “ pagas mas gozas “?
Ou será que as almas nascem com o corpo e que se eternalizam após a morte e vivem da sua imortalidade? Ou será que alma é mais uma palavra bonita para tirar ou pôr mérito em tudo o que fazemos nesta vida terráquea? Não sei e acho que nem quero saber… Se a verdade já existe, venha ela e o resto é conversa.

( Fernando Pessoa completado por João Amado )

O poeta é um fingidor
Que finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

Aquele que não finge a dor
É aquele que mente à alma
É aquele que não sofre por amor
O amor que lhe dava a calma

A calma de viver a felicidade
Sem guarita nem repouso
E quem não nega a bondade
É sem dúvida orgulhoso.

Se do sol nasce a lua
E dessa lua nasce o dia
É uma verdade crua e nua
É uma a mais do que queria.

A verdade é mesmo esta
Que me morro por amor
Nesta mentira sempre honesta
Que amor é sinónimo de dor.


João B. Amado

2 comentários:

Anónimo disse...

Por vezes as perguntas por si só escondem as respostas.

Um conselho não olhes, repara!

Anónimo disse...

Para se ser poeta como tu, tem de se ter uma alma especial. E por isso é que te colocas tantas questões. Acabas por ser filósofo... Eu não tenho coragem de questionar tantas coisas. Não sei se por medo das respostas, se por pura preguiça. Sei que sou feliz na simplicidade.
Deixo as perguntas difíceis para quem tenha espírito aventureiro nesse campo, para pessoas como tu. Porque a busca de verdades e de respostas acaba por ser uma aventura. Mas, como dizes, independentemente das buscas e das especulações, a verdade anda por aí. Existe. E o resto é conversa!

E já agora, parabéns pelo poema. Tens uma verdadeira alma Lusitana. Saudosa e cheia de amor!
Sortuda da miúda que te conseguir agarrar!