quarta-feira, maio 10, 2006

Desvaneios 3

Desvaneios III


Recomeçar poderá ser visto de várias maneiras possíveis. Podemos começar duas vezes, podemos começar de novo, do zero, etc. Na sociedade em que vivemos, recomeçar parece mal visto, e eu não entendo porquê. Teremos que pôr as ideias dos outros à frente da nossa felicidade? Nunca! Mas desistir por tudo e por nada sem se esforçar um minímo médio grande, poderá ser eventualmente pior.

Recomecei a minha vida várias vezes. Várias variantes e carizes alternativos levaram-me a mudar, a remudar, a recomeçar. Geográficamente, socialmente, familiarmente, profissionalmente, amorosamente, tendencialmente, pessoalmente, psicológicamente, fisicamente, enfim uma panóplia de recomeços. De melhor para pior, de pior para melhor, com juízos de valor, com arrependimentos, com erros ou com virtudes, fui mudando e voltei ao princípio.

Recomeçaste a vida sem mim. Certo? Certo. A sensação de insegurança, de maturidade , de compromisso, de carinho e amor não chegaram para manter o pico de altitude superior aos himalais, na escala humana, na escalada mais importante, na vida. Nada pude fazer, e tu fizeste e abusaste e reabusaste. Mas recomeçaste. A cada um a sua moral, a cada um o seu sentimento, a cada um a sua vida. A César o que é de César.

Recomeçou o verão, o calor da vida, onde as forças da paixão invocam os mais segredos dos Deuses.

Recomeçamos a ver a vida de maneira altruísta, aprendendo com os erros e virtudes, numa moral perdoada por Deus, que não disse adeus deu 2ª oportunidade para nos provarmos a nós , aos outros e á vida.

“Recomeceis do princípio”- disse o professor sem saber o que tinha dito ou jargonado intelectualmente daquela boca para dentro, perdão, para fora.

Recomeçaram as penas. As penas brancas de não ser feliz, qual ave sem poiso nem pio. Dormir a voar, como o tempo que se quebra, como a onda que arrebenta, simplesmente sem razão.

A conjugação do verbo Recomeçar, faz bem á alma, faz bem mesmo sem falar.

E mais uma vez vou recomeçar…

João B. Amado
Centro Norte-Sul
5 maio 2006-05-05
15h35m
19ºC.

sexta-feira, maio 05, 2006

Desvaneios 2

Devaneios II


Moral. Não pode haver verdadeira moral, se os homens as inventaram todas. As religiosas, as políticas, as éticas, as socias, todas as morais tem centro no homem. E daqui é díficil de sair. Se a moral nos parece como as regras que separam o certo e o errado , o bem e o mal ou prioritizam as escolhas do homem, como podemos nós definir uma moral que mesmo teoricamente intocável, não tem correspondência prática?

Deve-se prestar atenção ás prioridades diárias, semanais, mensais e anuais. Desde o nascimento da consciência até à morte da mesma que pode chegar mesmo 20 anos antes do nosso corpo morrer. Dizem que a felicidade provêm do respeito por estas prioridades, mesmo que a gente não as respeite por instinto. Daí a pergunta: Seguir a moral de prioridades consciente ou dar mais atenção ao instinto?

A disciplina do comum dos mortais é própria e singular. Começa na genética, passa pela educação familiar e social e acaba na formação egoísta do nosso ser. A disciplina, ou a sua descrição real, é essencial para o nosso “modus vivendis” e é parte do nosso currículo terráqueo e humano. Impressionante é ver que os animais não sociais, tem uma incrivel capacidade de disciplina inata. Será portanto a nossa sociedade que nos indisciplina. Prova? Está à nossa vista cada vez que abrimos ou piscamos os olhos; somos nós próprios.

Comunicar é fazer dum corpo que nos é oferecido, um instrumento social. A representação que damos ás formas específicas do nosso corpo, representa uma forma de comunicação que se repete sucessivamente, singularmente, mas provavelmente num assédio de repetição invulgar de coerência. Mas sabemos que podemos comunicar e ás vezes não o fazemos. O próprio conhecimento e ausência da sua representação poderá ser visto como comunicação. Faz todo o sentido então falar de comunicação psicológica, mental ou mesmo hipnótica. O futuro da comunicação do humano passa pela coversa entre mentes, não tenho dúvida, nem que seja mais uma forma de nós conseguirmos ter ainda menos esforço no dia a dia. E tenho dito.

Recapitulando pelas palavras chaves, temos que a Moral advém das Prioridades relacionadas directa ou indirectamente pelo Instinto que tentamos Disciplinar no que fazemos segundo a segundo , ou seja, Comunicar.


João B. Amado
Centro Norte-Sul
4 maio 2006
12h24m
26º C.

quarta-feira, maio 03, 2006

Desvaneios

Devaneios


Hoje o dia nasceu tal como o de ontem. Puro, sem sentido ou demasiado porvido de castrações psicológicas e devaneios oriundos do passado. Se a vida nos questiona, porque questionamos nós a vida? A origem de quem somos e para onde vamos não é mais do que uma pergunta que fazemos ou é a resposta que temos que dar?

Estar apaixonado ou querer o que não se tem são situações similares, contidas em fracções de ansiedade e beleza natural do homem anti-altruista, que se questiona, como qualquer outro sobre o raio que o parta noutro sitio qualquer. Sem pensar, os filtros sociais da educação são esquecidos e não somos mais do que selvagens sociais à espera que tudo nos caia nas mão, vindo do céu as respostas ás nossas preces. A resposta da nossa sociedade e na sua evolução positiva estará ela na educação ou na ambição individual e/ou colectiva da felicidade inerente ao homem?

Se as perguntas que fazemos não têm respostas, é perfeitamente concebível que hajam respostas sem perguntas. Ou será o homem o inventor de todas as respostas, que surgiram depois do vazio que durou a eternidade do esperar que se nasça?
Será que as almas nasceram no princípio dos tempos e desprovidas de memória se passeiam alternadamente por esta terra e que cada uma só dá uma volta, do género “ pagas mas gozas “?
Ou será que as almas nascem com o corpo e que se eternalizam após a morte e vivem da sua imortalidade? Ou será que alma é mais uma palavra bonita para tirar ou pôr mérito em tudo o que fazemos nesta vida terráquea? Não sei e acho que nem quero saber… Se a verdade já existe, venha ela e o resto é conversa.

( Fernando Pessoa completado por João Amado )

O poeta é um fingidor
Que finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

Aquele que não finge a dor
É aquele que mente à alma
É aquele que não sofre por amor
O amor que lhe dava a calma

A calma de viver a felicidade
Sem guarita nem repouso
E quem não nega a bondade
É sem dúvida orgulhoso.

Se do sol nasce a lua
E dessa lua nasce o dia
É uma verdade crua e nua
É uma a mais do que queria.

A verdade é mesmo esta
Que me morro por amor
Nesta mentira sempre honesta
Que amor é sinónimo de dor.


João B. Amado